Dar importância para se tornar importante - Nivia Loureiro Moro – Palhaça Tetê


Algumas histórias vivenciadas pelas palhaças, só acontecem dentro do hospital. Histórias que podem ser esquecidas pelo tempo, mas que ficarão gravadas na história de vida da Palhaça Tetê.

Quando entro como Tetê no hospital, não enxergo as doenças e as fragilidades como elas realmente são, eu vejo as pessoas, que necessitam de um olhar, de uma palavra, de uma risada, de uma companhia. São alguns minutos de muita intensidade, ao lado de pacientes que dedicam parte de seus dias ao tratamento de uma das doenças mais comuns e traiçoeiras do mundo.

Os pacientes vêm de longe ou de perto, sozinhos ou acompanhados, mas todos com grande esperança de cura. Pacientes que encontram profissionais que também têm seus problemas e preocupações, mas que estão ali no hospital, procurando fazer seu trabalho da melhor forma possível.

O trabalho como palhaça vem para amenizar esses momentos de angústia, de tristeza, de preocupação, de desesperança, não para afastar tudo isso ou dizer que não existem, mas para integrá-los a vida, deixando o ambiente hospitalar mais leve e alegre.

A maioria dos pacientes e profissionais do hospital, recebem as palhaças com muita alegria. Muitas conversas e jogos acontecem nesses momentos e para que isso aconteça, é necessário olhar as pessoas e sentir o momento. Saber se é o momento de ficar ou de sair, se é o momento de ser vista ou de sair na invisibilidade.

É muito gratificante quando pacientes e funcionários entram nas brincadeiras e resolvem participar da banda que tocará o baile, decidem pegar atestado porque estão cansados, querem banheira de hidromassagem no quarto ou um tobogã no lugar das escadas, atendem pedidos na farmácia para saciar a fome das palhaças por gelatina de Decongex ou suco de Diazepam, retiram a carteira para poder dirigir suas bombas de infusão, recebem carrinhos ou aviões para chegarem mais rápido em casa, levam flores para embelezar seus jardins.

São momentos mágicos e únicos, mas como acontece com todos e em qualquer lugar, às vezes os profissionais estão muito ocupados e/ou cansados em seus setores e não podem nos dar muita atenção, e os pacientes estão com dor e tão desanimados, que nenhum olhar querem receber e nenhuma palavra querem ouvir ou falar. Afinal, a visita da palhaça é a única coisa que o paciente tem a opção de rejeitar em um hospital.

E o que fazer nessa situação? Res-pei-tar! Respeitar para ser respeitada! Ver para ser vista! Dar carinho para receber carinho! Dar importância, para se tornar importante!

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