MULTIPLIQUEM-SE!

 As oficinas de formação continuada e para a comunidade, oferecidas pelo projeto, tem a intenção de formar multiplicadores desse trabalho na cidade de Chapecó.

Tem sempre aquelas pessoas que sonham em atuar como palhaças nos hospitais, mas que na maioria das vezes não entende a complexidade deste trabalho, nem a necessidade de treinamento. E tem aquelas pessoas, que já passaram por alguma oficina nossa, entenderam a importância do treinamento e desejam continuar, até que chegue o seu momento de entrar no hospital como palhaças.

Para atender a esses dois públicos é que propomos no projeto as Oficinas de Iniciação à Palhaçaria e a Oficina de Formação Continuada em Palhaçaria no Hospital. A primeira tem como objetivo apresentar à linguagem, o trabalho e o projeto para a comunidade, que tem interesse nesse assunto, e a segunda vem para oferecer a formação continuada.

Na formação continuada, os alunos e alunas, tem acesso a teoria e a prática da palhaçaria, para que se sintam preparados para realizarem suas primeiras visitas aos hospitais. A intenção é que essas pessoas, capacitadas e preparadas, possam participar de futuros projetos e ações promovidas pelos Doutores RiSonhos.

Nesse ano, conseguimos finalizar a oficina com a realização de visitas dos alunos e alunas ao setor de radioterapia, centro obstétrico, centro cirúrgico e Hospital da Criança. Veja como foi para eles, esse processo de descoberta da sua comicidade, seus desafios e alegrias, a partir de alguns depoimentos dos alunos e alunas.


Ser um palhaço, eu vejo e aprendi que não é para qualquer um, exige muito raciocínio e conhecimento para desenvolver a palhaçaria. Iniciei com a [oficina] Introdução a Palhaçaria, depois veio segunda etapa da formação, infelizmente junto veio a pandemia, onde o trabalho passou a ser remoto e on-line. Por último, a terceira formação que foi 50 horas de formação avançada e hospitalar, onde consegui realizar meu maior sonho que era fazer visita aos hospitais de nossa cidade. Uma coisa que marcou muito na formação foi a questão do figurino, a minha roupa foi pensada e confeccionada, levando em consideração a minha personalidade e meu estilo de palhaço. Minha experiência foi muito positiva, superou todas as minhas expectativas, principalmente por derrubar barreiras e me descobrir dentro de uma roupa de palhaço.”

Edegar Henrique de Oliveira – Palhaço Mallau



Estou apaixonada pelo universo da palhaçaria, mas principalmente dentro do hospital. Termos podido experimentar ser falhos e vulneráveis, ousar coisas que no cotidiano tendemos a não ousar, é uma descoberta contínua. Trabalha o autoconhecimento e levamos isso para nossa vida, aprendendo a lidar com problemas reais de forma mais leve. Para mim que sou muito rígida em temperamento, descobrir minha palhaça e entrar no mundo dela está sendo um prazer. [A visita ao hospital] foi muito mais simples do que imaginava. Olhar através da palhaça é permitir-se ser boba, sem medo do julgamento. Observar os colegas foi maravilhoso. Ver o processo como cada paciente vai se abrindo para o palhaço é encantador. Alivia a rotina dos funcionários, é visível a diferença de energia no ambiente antes e após a turma passar. De forma amorosa e divertida vi nascer uma parte de mim que não conhecia direito. Mesmo com anos de terapia, o trabalho em grupo é bem conduzido e nos traz um novo olhar sobre nós mesmos.”

Mainô Prates – Palhaça Rita


A oficina de formação continuada em palhaçaria oportunizou a visão ampliada da necessidade da humanização hospitalar, considerando os reflexos no bem-estar dos pacientes, familiares e principalmente da equipe de saúde da unidade, uma vez que torna o ambiente de trabalho mais leve e dinâmico. Toda a formação foi composta por descobertas instigantes e novas, sendo de suma importância o tempo de amadurecimento a cada formação. A abordagem de aspectos comportamentais, por exemplo, como interagir de forma lúdica sem ser inconveniente, bem como o processo de planejamento de construção da figura do palhaço a partir da mensagem que o figurino precisa transmitir sobre aquele palhaço, porém com o cuidado de ser adequado ao ambiente. As principais descobertas no processo, para mim, foram a importância da integração entre o grupo, o respeito ao espaço do outro em cada momento, a aprendizagem coletiva entre os participes e principalmente a empatia entre todos.”

Renato Rosset – Palhaço Prego


Tem sido uma construção pouco a pouco, tomando consciência e estudando, para chegar na palhaça Margarida. Começou com a máscara do nariz, a escolha do figurino, testes nas maquiagens, experimentando penteados e perucas, um processo lindo de descobertas, momento de reconectar com a minha criança interior, poder liberar, expressar e sentir. A minha experiência com as visitas nos hospitais, as vezes é até difícil descrever o que eu sinto, me impacta a energia envolvida, o sentimento de alegria em poder estar lá e proporcionar algo que conecta com a alegria, a troca entre a equipe dos palhaços, a equipe hospitalar e com os pacientes lá internados ou em tratamento. Me alegra poder ver seus rostos cabisbaixos se elevarem para ver o que está acontecendo de diferente naquele local, com a nossa chegada, ver os sorrisos se abrindo, as expressões suavizando, percebendo a energia do local se transformando, ficando mais leves e alegres. Isso me proporciona muita felicidade em poder sentir que somos todos seres humanos, olhando a todos com muito respeito.”

Deise De Oliveira – Palhaça Margarida



Minha visão inicial sobre a palhaçaria e a de agora mudou completamente, eu inicialmente achava que seria só chegar no hospital e fazer “gracinhas”, queria ir logo fazer as visitas. Mas a coisa não foi bem assim, foi todo um processo de descoberta e estudo (que ainda continuam), não me considero pronta para tal atividade, estou amadurecendo e descobrindo/conhecendo minha Palhaça, confiando e descobrindo mais sobre ela. Foram dois mergulhos intensos que fiz, um para descobrir quem é minha Palhaça, como ela anda, como ela fala, seu nome, seu jeito, é como um nascer de alguém diferente e ao mesmo tempo uma versão verdadeira e engraçada de mim mesma. E depois, num segundo mergulho, descobrir como a minha Palhaça se portaria num ambiente hospitalar: Quem e o que poderia encontrar? O que cabe ou não ela fazer ou falar? Quais cuidados tomar? É como educar alguém, fazer apurar o ouvido, direcionar. A experiência pra mim foi superpositiva, por mais que houvesse desafios, foram oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, não só para a Coppélia, para a Raquel também.”

Raquel De Oliveira Reis – Palhaça Coppélia



Participar dessa formação de Palhaçaria no hospital foi uma experiência maravilhosa, pois demandou de muita coragem, astúcia e jogo de cintura para explorar habilidades pessoais que nem sabia que estavam dentro de mim, para ampliar a "escuta" e me colocar no lugar do outro, calar a eloquência da alegria e saber harmonizá-la com a tristeza de um diagnóstico pessimista. Levar esperança, conforto, sorriso dentro da medida do momento é desafiador, e é ter acima de tudo, respeito pelo ser humano a nossa frente, onde as vezes diante de uma situação triste não cabe graça, mas demonstrar um carinho no olhar, um aceno de mão que mostre apoio, por isso é tão importante o curso e a preparação. Foi uma experiência intensa pra mim, pois exercitou a inteligência emocional, a perspicácia, a consciência de espaço e corpo, enfim, desenvolveu habilidades que modificaram meu olhar sobre a vida e sobre mim mesma!"

Patrícia Reis – Palhaça Piquenique

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