Apareceu a Margarida
Eu
nasci em uma comunidade no interior do município de Cunha Porã, Santa Catarina, chamada linha são José do
Laranjal, onde passei toda minha infância e adolescência. Foram anos vividos
com muita alegria e muitos aprendizados com meus pais e mais quatro irmãos.
Dependíamos exclusivamente da agricultura na qual eu ajudava meus pais nos
trabalhos da lavoura e domésticos.
Foram
18 anos vividos no interior. A construção da minha palhaça Margarida é
inspirada nestes anos vividos na roça. Na comunidade onde eu vivia as pessoas
tinham e tem um sotaque bem interiorano, lembro que na escola os professores
ensinavam a pronuncia dos r e rr ex: carinho, carrinho, mas a gente não seguia
o que aprendia ao pé da letra porque ficava muito chique. Então falar daquela
maneira era normal. Um sotaque bem
peculiar.
Eu
adorava participar das encenações que tinha na escola e na igreja, não tinha
aulas de teatro, mas a gente improvisava as cenas, as roupas, e dava certo do
nosso jeito.
Minha
primeira experiencia na palhaçaria profissional foi em um curso oferecida pela
prefeitura municipal de Chapecó, curso iniciação para a palhaçaria – programa
arte cidadão- de 2012 a 2013. Sabe quando você se identifica com algo que
parece conhecer a muito tempo, assim foi. Adorei o curso e não parei mais com
os estudos da palhaçaria. Fiz várias oficinas e treinamentos sempre procurando
me aperfeiçoar nos conhecimentos.
No
decorrer das oficinas e cursos a palhaça Margarida foi se transformando e aprimorando, nas
vestimentas, adornos e trejeitos, mas tendo como referência os anos vividos no interior.
O
trabalho da palhacaria no hospital é, e tem sido uma experiencia única,
enriquecedora, para a Deise e sua palhaça Margarida. Há uma troca muito grande
entre o grupo dos Doutores Risonhos. E esta troca acontece nas duplas que fizemos
as visitas.
A Margarida teve a oportunidade de trabalhar
com várias palhaças e palhaços diferentes formando a sua dupla. Encontrei mais
afinidades com umas do que com outras. Aprendi a ouvir com calma, a respeitar o
tempo do outro, porque a Margarida é meio maluca as vezes.
Com a palhaça Margarida eu volto para a minha
criança interior, revivendo a minha
infância, me sentindo livre e leve.
Foto 01 - Lisiane Kerbes
Comentários
Postar um comentário