Cena pronta ou improviso?
Essa é uma curiosidade que as pessoas tem, especialmente quando iniciam uma oficina de palhaçaria no hospital. A pergunta que não cala na mente é: - Mas o que é que a gente vai fazer?
Esse questionamento é genuíno, porque quando pensamos na possibilidade de chegar na frente do público e não termos nada para apresentar, a gente se sente muito vulnerável e corre o risco de se perder.
Eu quando vou fazer a preparação da equipe de palhaças para o hospital, e quando vou ministrar oficinas de palhaçaria para o ambiente hospitalar, sempre gosto de abordar esses dois pontos de partida: a cena pronta para cada ambiente e a capacidade de escuta e improviso com as situações que se apresentam.
Cada espaço dentro do hospital requer uma abordagem diferenciada, em se falando de cenas prontas. Corredores com pouca gente, corredor cheio de gente, salas de espera, consultórios, postos de enfermagem, quartos, portas, janelas...
Cada ambiente tem uma característica que a gente vai conhecendo conforme trabalha, uns são mais calmos, outros tem muito movimento e passagem de pessoas, em uns as pessoas permanecem por mais tempo, em outros estão de passagem rápida, e tudo isso pode impactar a ação das palhaças e palhaços.
Então trabalhamos sempre cenas prontas, como repertório musical, com coreografias, cenas a partir das habilidades das palhaças, cenas a partir dos objetos que as palhaças utilizam, cenas clássicas, entre outras.
E trabalhamos também e muito, a escuta e o improviso. A escuta da dupla, do paciente e do espaço. E entendemos que as cenas prontas e ensaiadas, estão a serviço do improviso, que também é ensaiado.
Juntamos tudo isso no bolso, na manga do jaleco e vamos visitar nossos pacientes. Abrimos bem a nossa percepção e escuta, e tentamos ao máximo ficarmos receptivas as novidades, aos novos caminhos que cada visita apresenta.
Assim, ensaio e improviso, guiados pela escuta ativa, torna cada visita ao hospital única, fresca e potente.
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As Dras. Tetê e Miúda improvisam uma conversa (provavelmente uma fofoca) sentadas em duas poltronas da Quimioterapia. |
Texto de Michelle Silveira da Silva
Projeto Palhaçaria no hospital - Alegria é remédio - PRONAC 236675, viabilizado com recursos da Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Governo Federal.
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