Infância hospitalizada e o direito de brincar
Infância,
ser criança… O que caracteriza este tempo em nossa vida? Brincar, correr, ser
livre, os amigos(as), família…Independente do que lembre, toda criança têm seus
direitos.
Os direitos das crianças
foram aprovados em 1959 pela ONU (Organização das Nações Unidas) e a Declaração
é constituída de dez princípios e são poetizados e apresentados de uma maneira
lúdica por Ruth Rocha e Eduardo Rocha:
Toda criança no mundo/
Deve ser bem protegida/ Contra os rigores do tempo/Contra os rigores da vida/
Criança tem que ter nome/ Criança tem que ter lar/ Ter saúde e não ter fome/
Ter segurança e estudar./ Não é questão de querer/ Nem questão de concordar/ Os
direitos das crianças/ Todos têm de respeitar./ Tem direito à atenção/ Direito
de não ter medos/ Direito a livros e a pão/ Direito de ter brinquedos./ Mas
criança também tem/ O direito de sorrir/ Correr na beira do mar/ Ter lápis de
colorir.../ Ver uma estrela cadente/ Filme que tenha robô/ Ganhar um lindo
presente/ Ouvir histórias do avô./ Descer do escorregador/ Fazer bolha de
sabão/ Sorvete, se fazer calor/ Brincar de adivinhação./ Morango com chantilly
/ Ver mágico de cartola/ O canto do bem-te-vi/ Bola, bola, bola!/Lamber fundo
da panela/ Ser tratada com afeição/ Ser alegre e tagarela/ Poder também dizer
não!/ Carrinho, jogos, bonecas/ Montar um jogo de armar/ Amarelinha, petecas/ E
uma corda de pular. (ROCHA; ROCHA, 2002, n.p.)
É aqui que pergunto: a
criança hospitalizada têm estes direitos garantidos? Uma criança que passa por
um curto período de tempo hospitalizada pode ser que sim, porém e aquelas que
passam grande parte da sua infância recebendo algum tratamento médico e para
isso passam grande parte da sua infância hospitalizadas? Esta criança
normalmente fica longe de casa, de seus brinquedos, de seus amigos, da escola…
Longe eu diria, da própria infância. Portanto ao falarmos de privação da infância, também estamos falando
da privação de seus direitos.
Além dos direitos
significativos, como: alimento, aconchego do lar, proteção E educação, tem
também o direito à brincadeira prevista na Declaração da ONU. De maneira
lúdica, Rocha e Rocha nos deixam claro, através do livro “ Os Direitos das
Crianças” [1]que todas as crianças têm
direito à brincadeira, que normalmente carregam consigo a liberdade.
Ainda
no que diz respeito às infâncias, para Huizinga (2005) a infância é a fase em
que mais jogamos e, por meio da brincadeira, podemos nos arriscar e sermos
livres. Porém, diante do contexto hospitalar, cabe a seguinte pergunta: que
infância é encontrada nesse contexto, circunstância na qual o brincar e a
movimentação corpórea dentro do espaço hospitalar são estabelecidos por limites
visíveis? Com tais limites, quais as potencialidades que podem ser encontradas
ali, em uma situação que está rodeada de sensibilidade e vulnerabilidade? Será
que um(a) palhaço(a) quando
visita uma criança hospitalizada, amplia as possibilidades para que a criança
brinque no ambiente hospitalar? Diante de tais limitações não seria a
imaginação uma grande propulsora para expandir o lúdico e criar brincadeiras dentro do
hospital?
Trago
tais reflexões a partir de alguns estudos acerca da infância e seus direitos e
das visitas que fazemos ao Hospital da Criança Augusta Muller Bhoner em
Chapecó/SC. Não pretendo aqui colocar as palhaças e palhaços como heroínas ou
heróis que adentram o Hospital e dão uma espécie de salvamento as crianças, mas
sim elaborar uma reflexão do impacto destas figuras no hospital, como uma
pequena abertura na rotina hospitalar, nas cores pastéis e na ordem do
ambiente. Figuras que levam pelo menos dois direitos a este ambiente: o da
brincadeira e da imaginação, quando estes(as) pedem licença para brincar, para
transformar uma janela em quadro, uma pose em fotografia, dar vida e fazer
batismo de um bichinho de pelúcia, quando levam suas bolhas de sabão, suas
brincadeiras, quando a criança transforma o quarto de hospital em um quarto de
brincadeira.
Por Melaine Pilatto - Dra. Margareth
[1] ROCHA, Ruth; ROCHA, Eduardo. Os
direitos das crianças segundo. Rio de Janeiro: Companhia das Letrinhas,
2002.
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