Palhaços em construção

Oficinas de formação dos Doutores RiSonhos fomentam a prática da palhaçaria em Chapecó


Desde 2016, os Doutores RiSonhos realizam oficinas de iniciação à palhaçaria, com o objetivo de formar novos profissionais na área. Com quatro edições do projeto, em 2020 o grupo irá dividir os artistas em formação em duas turmas. 

Uma delas é a oficina de formação continuada, que inclui os alunos que já estão estudando desde os anos anteriores. “Várias pessoas já passaram pelas aulas e algumas delas já tiveram oportunidade de participar ativamente do projeto, em intervenções, com o trabalho no hospital e inclusive, duas das estudantes entraram para o grupo como palhaças aprendizes no ano passado”, destaca a diretora artística dos Doutores RiSonhos, Michelle Silveira. 
A outra turma, de iniciação, é formada pelos participantes de workshops realizados no ano passado, a partir de aprovação no Edital das Linguagens, da Secretaria de Cultura de Chapecó. “São cinco workshops descentralizados, dos quais já realizamos quatro: no Programa Viver, no Céu das Artes, no Centro de Eventos e na Unoesc. Ainda vamos realizar mais um depois da pandemia”, acrescenta a diretora.
O projeto da nova oficina de iniciação tem o objetivo de criar um núcleo de pesquisa e formação de palhaçaria no hospital, partindo de um trabalho teórico, com conteúdos para o entendimento da história da palhaçaria, estudo de textos, vídeos, pesquisa de maquiagem, figurino.
As duas turmas de formação já reiniciaram as atividades de forma remota, com aulas online.



OPORTUNIDADE

Ainda em formação, os alunos já contribuem para o trabalho do grupo e já participam dos cortejos de Natal, de várias intervenções e recepções e do Projeto Verão Cultural, da Secretaria de Cultura. “A oficina de formação é um suporte para o nosso trabalho, são pessoas que estão conosco em projetos especiais, como no vídeo especial do Dia das Mães. A formação é extremamente importante, pois temos uma carência de profissionais da palhaçaria na cidade, então sempre pensamos que deveríamos oferecer essas oficinas para a comunidade para tentar formar novas pessoas interessadas em desenvolver esse trabalho nos hospitais”, comenta Michelle.
Para os estudantes, uma oportunidade de aprender e praticar a palhaçaria e entender sua essência. Para Evana Cássia Dall´Agnol, de 33 anos, que está na formação desde 2018, fazer parte do grupo é motivo de orgulho. “Para mim é um presente especial. Pude conhecer e entender que o trabalho dos Doutores RiSonhos é muito mais que um trabalho voluntário, é algo profissional. São palhaços profissionais que dedicam 100% do seu tempo ao estudo de técnicas da palhaçaria, estudam um pouco de música, canto e dança, psicologia, aprimoramento pessoal  e tudo que usam dentro do hospital, afinal é um local especial e com um público bem diferenciado”, comenta.
Para o técnico em prótese dentária Renato Rosset Fernandes, de 33 anos, é uma experiência que permitiu quebrar barreiras e entrar em um novo universo. “Cada encontro é um desafio, pois eu tive que quebrar muitos bloqueios pessoais. A experiência junto com o Vinicius, a Michelle e a Camila nos conduzem a um passeio histórico, prático, atual na palhaçaria com uma leveza sem igual”, revela.
Quem também descobriu um novo universo fazendo parte do grupo foi a engenheira civil Raquel de Oliveira Reis, de 32 anos, que está na formação desde 2018. “Não é simples como eu pensava que poderia ser, colocar um nariz e tentar fazer outro rir...é um mergulho para dentro de si, é entender e estudar, para aí então poder transbordar o palhaço, é algo que vem aos poucos e vai se aperfeiçoando, e vai nascendo, criando forma, figurino, imagem, personalidade e nome. É mágico!”, ressalta.
A estudante Graziela Barpi, de 26 anos, também entrou para a oficina há dois anos e afirma que é uma realização pessoal enorme fazer parte dos Doutores Risonhos. Na formação, ela criou sua palhaça, a Zyza. “Os encontros eram de muita risada, entrega, estudo e muito conhecimento. Consegui compreender o quão importante é estar na escuta de si, e principalmente escutar o outro e transformar isso em riso, e não é fácil! É preciso muita teoria e técnica para ser e estar o palhaço”, comenta.
A professora Nivia Moro, de 44 anos, se interessou pela palhaçaria ao observar o trabalho realizado pelos Doutores e quis saber mais sobre esse universo. No grupo há cerca de três anos, ela reforça a importância da formação para a construção do trabalho como palhaça. “No grupo, aprendi que é preciso muito estudo, muito empenho e muito comprometimento para conhecer técnicas, para saber jogar, para montar sua roupa, para formar a sua palhaça. Aprendo a falar, a ouvir, a olhar, a somar e a dividir”, conta.

DOUTORES RISONHOS
Artistas que escolheram o hospital como palco, os Doutores RiSonhos realizam visitas no HRO e HC, além de intervenções artísticas na comunidade, apresentações de espetáculos e atividades corporativas em empresas e instituições de ensino.
O grupo, que é mantido pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, também realiza a atividade de formação continuada de palhaços, oferece oficinas de iniciação à palhaçaria e formação em palhaçaria no hospital.

A atuação nas instituições de saúde tem como foco transformar o ambiente, ressignificando-o, colaborando para o bem-estar dos pacientes e gerando conexões reais e empáticas entre os envolvidos.






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