Ser palhaça de hospital
"Ser palhaça no hospital, é me
dar de presente a oportunidade de um aprendizado diário, que não tive nos outros
espaços onde eu já atuei, e olha que eu já atuei em vários lugares diferentes.
Abrir os olhos no dia da visita, sair
da cama, me preparar, arrumar minha mala, passar minha roupa, pensar nos
brinquedos que vou levar, preparar meu café e desde quando abri os olhos, já
estava me preparando para o hospital.
Quando dou o primeiro passo para sair
do camarim e ganhar o “mundo”, ali vou eu, para o que der e vier, sem ter a
mínima ideia do que irá acontecer...
Não sei quem vou encontrar, que
situação vou encontrar, que dificuldades aparecerão nesse caminho, sigo, indo,
pronta pra me jogar no abismo do desconhecido.
Claro, não vou sozinha, tenho sempre
meus companheiros a me acompanhar, meus colegas que também estão nesse mesmo
processo de dar o primeiro passo e seguir, cada um se jogando no seu abismo
pessoal.
Ser palhaça no hospital é aprender
diariamente, a cada encontro, a cada porta que se abre, a cada porta que se
fecha.
Aprendemos em cada encontro quando puxamos aquela boa conversa fiada e
cada pessoa, do seu jeitinho vai dando material para alimentar nosso trabalho
diário.
Ser palhaça no hospital é aprender a
dosar a técnica, a comicidade, todos os recursos cômicos, todas as habilidades
adquiridas vida a fora, trazer todo o repertório musical e novelesco, e por
fim...dar o primeiro passo, olhar, ver, chegar e estar aberta ao tal
inesperado.
No hospital aprendo que a gente as
vezes perde, as vezes ganha e tudo bem nesse jogo, nessa roda que vive girando!
O que nos mantem girando é a forma como lidamos com essas perdas e ganhos.”
Michelle Silveira da Silva – Dra.
Barrica
Fotos de Camila Miotto
Registros da visita da Dra. Barrica e Dra. Brum ao Hospital da Criança "Augusta Muller Bohner" no dia 22/02/2019
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